(Nestas alturas questionamos tudo, a vida, a educação, a
política, os médicos, a religião…)
A religião sim! Eu toda a vida fui um homem de fé, não
praticante beato, mas de muita fé. A minha educação foi sempre encaminhada para
a religião católica. Enfim, Deus, Jesus, apóstolos, a virgem, santos e tudo o
que envolve essa tal orientação. Íamos á missa quando nos apetecia ou sentíamos
necessidade, e, em ocasiões importantes, como casamentos, onde se jura tudo
numa enorme alegria, com vontade que o padre despache aquilo pois o pessoal
quer mesmo é festa, e nada do que se jura, passando para a vida real, raramente
é cumprido. Baptizados, onde depois poucos são os ensinamentos que se dão ás
crianças.
Como assim?
Basta irmos a uma qualquer missa e ver quantas são as
pessoas que conseguem acompanhar aquela ladainha, dita de tal modo, que
chegamos a sair em dias maus, mais deprimidos e tristes do que entrámos. Grande
parte só mexe os lábios para fingir que sabem toda aquela retórica, quase me
atrevia a dizer que algumas nem o Pai Nosso completo sabem.
Isso também não é de estranhar pois vivemos num País
onde 70% da população não sabe o Hino Nacional!
Voltando á religião… Por onde andaram esses Deuses que
nem por um momento se esforçaram para salvar ou dar uma segunda oportunidade ao
meu filho…
O Tiago só foi baptizado aos onze anos. Sempre achámos
que deveria ser ele a seguir a religião que entendesse, muito embora a linha
que traçámos para o orientar fosse a católica.
Era um miúdo com uma fé incrível. Quando foi operado
pela primeira vez nos HUC, onde foi mandado internar pelo Prof. de gastrologia após um mês
de exames, os últimos, endoscopia e colonoscopia, seriam nos HUC, que correram
muito mal. Durante a colonoscopia a médica pensou ter perfurado os intestinos
ao Tiago, tal foram os gritos com dores apesar da anestesia.
Tendo sobretudo a mãe insistido para que o Tiago
parasse de treinar para fazer exames e saber-se de onde vinham aquelas dores e mau
estar, foi só em Maio que pediu e se dispôs a ir a uma consulta a um
especialista.
Assim foi, a
mãe com a máxima das urgências tratou de encontrar o melhor médico para seguir
o nosso filho. Foi á consulta onde lhe foi pedido uma bateria sem fim de análises,
exames, tudo.
Passados poucos dias fomos buscar o resultado de parte
das análises que o Professor mandou fazer, com a nossa aflição dirigimo-nos ao
consultório, na expectativa de que os resultados fossem vistos.
-O Professor não tem como vos receber, está com a
agenda super cheia, hoje só irá sair daqui por volta da meia-noite. – Informou
a recepcionista do consultório do médico.
Então, deixámos os exames para que o médico os pudesse
analisar afim de sabermos mais alguma coisa, ou se eventualmente se poderia
adiantar com algum tratamento.