quarta-feira, 14 de julho de 2010

Palavra para difinir o CANCRO


Caminho para a luta
Agarrar a vida
Nunca desistir nem baixar os braços
Combater com unhas e dentes
Resistir à dor e ao sofrimento
Olhos sempre postos na confiança

Este é o meu Ippon fo Life

domingo, 11 de julho de 2010

De volta à realidade !


Olá Pessoal.

Ainda me sinto um pouco "abananado" da operação. Mas mesmo assim, sinto uma enorme necessidade de vos falar.
Infelizmente a operação não correu como esperado, não me tiraram o animal de dentro de mim =/ quando fui para a operação, estava com enorme entusiasmo. Mas quando acordei e o medico me disse que não tinha conseguido remover o cancro, fiquei tão, mas tão desfeito que pensei no pior.

Tou agora a recuperar da cirurgia e os dias não têm sido nada fáceis com as dores, a revolta de não me terem tirado o cancro, os drenes a cicatriz e a "moca" da anestesia.

Falei mais tarde com o Dr. Nuno Abecacis (foto), que foi ele que me operou, e ele mostrou-se bastante triste com a minha situação, uma coisa que poderia ficar controlada, não, tem que se ir por outro processo.

Ele explicou me que à volta do estômago e o peritoneu (que é uma membrana que envolve a zona do abdómen) estavam todos apanhados com o cancro e que para me tirarem, tinham de remover o intestino delgado, à qual assim não conseguiria viver.
Então o que se vai fazer é depois das recuperação da cirurgia, vou fazer entre 4 a 5 sessões de quimioterapia e logo a seguir se o cancro diminuir de dimensão, voltam outra vez à cirurgia para me remover o estômago. E a seguir mais 2 ou 3 sessões de quimioterapia.

Enfim, podia ser tudo mais fácil, mas continuo com a mesma força apesar de agora estar mais debilitado :S

Dr. Nuno Abecassis para quem não sabe é um dos, senão o melhor cirurgião de oncologia do país e eu sinto muita confiança nele por isso é que me deixa mais tranquilo :)

terça-feira, 6 de julho de 2010

O dia da grande Luta



Dia 7 de Julho de 2010 vai ser o dia mais importante da fase do meu tratamento.
Vai ser o dia que o médico cirurgião irá remover o bicho que está dentro de mim...
Este é sem dúvida o adversário mais duro e difícil que tive e sem duvida que ele me está a dar muita luta. Mas uma coisa eu tenho a certeza, amanhã (dia 7 de Julho) às 8 horas da manhã eu vou eliminar este filho da mãe que vai-se arrepender de ter "possuído" o meu corpo.

Depois da cirurgia vou ficar 7 dias nos cuidados intensivos a dormir num sono profundo, mas ao mesmo tempo a recuperar e a ganhar forças para a próxima batalha que também não vai ser fácil, mas que de certeza vou conseguir ganhar.
Logo a seguir irei passar mais duas ou três semanas na enfermaria até estar em condições de estar em casa.

Como devem calcular, estou bastante nervoso e com algum medo... mas acredito que neste momento o cancro deve estar com mais medo =D
É por isso que não escondo o meu sorriso :)

Quando estiver recuperado e em condições, irei de certeza voltar ao Ippon for Life para vos dar noticias desta minha viagem. Este vai ser o Ippon da minha vida =D

Obrigado por todo o apoio.
Um grande Abraço e um grande Beijinho desde vosso amigo TIAGO ALVES

VOU LUTAR !!!!


Estou neste momento no IPO de Lisboa, pronto para a minha batalha. Sei que vou sofrer, sei que não vai ser fácil, mas já me mentalizei.
O médico que me está a acompanhar é um dos melhores do país e todos os que o conhecem dizem que estou em boas mãos e isso transmite-me muita confiança.
Na primeira consulta que tive com o médico, ele contou-me como vai ser todo o processo:
  1. Cirurgia com aplicação de quimioterapia local a 42ºC, durante uma hora
  2. Na mesma cirurgia, vão me remover o estômago todo, o baço e um bocado do intestino
  3. Vou estar 3 a 4 semanas a recuperar da cirurgia
  4. Após a recuperação, vou estar durante um ano a fazer tratamentos de quimioterapia
  5. Após tudo isto, CURA TOTAL
Assustou-me um bocado a ideia de ficar sem estômago, por isso tive duas perguntas a fazer ao médico:
  • Poderei voltar a praticar desporto, ou seja, judo?
  • Poderei comer de tudo, ou vou ter uma alimentação especial?
Ouvi as melhores respostas :) ele disse-me que poderei fazer tudo o que fazia dantes e comer tudo o que comia dantes, apenas tenho de comer menos mas mais vezes, pelo menos numa fase inicial até habituar o intestino, visto que vou ficar sem estômago, vou ficar sem uma bolsa que suporta os alimentos, então os intestinos têm de criar uma nova bolsa (claro que não vai ser tão grande)

Estou bastante confiante para a cirurgia, com medo e algum receio, MAS CONFIANTE :)

Como lidei com o cancro

Dia 21 de Junho foi sem duvida o pior dia da minha vida.
Não consegui aceitar e neguei sempre dizia que não era possível ter cancro.
A primeira pergunta que fiz à médica era se poderei voltar a fazer desporto e infelizmente ela deu-me a resposta errada "provavelmente não, mas só os médicos do IPO de Lisboa é que poderam dar-te essas respostas". Quando saí daquele consultório, detestei, passei o dia todo a chorar e vi as pessoas que mais amo a chorar o que me destroçou mais. Pela primeira vez vi o meu pai chorar, ele que é das pessoas fortes que conheço, não resistiu à noticia. A minha mãe que chora todos os dias. O meu irmão Rui que que sempre foi uma aspiração para mim, também não resistiu, mas acredita e sempre acreditou na cura. Não soube contar aos meus amigos, custou-me bastante contar à minha namorada, o que podia ela pensar ou será que ia aguentar.
Mas todos estiveram comigo, família, namorada e amigos, mas no inicio não foi nada fácil. As pessoas não sabiam o que dizer e eu não conseguia olhar para elas.
Andei e ando muito tempo com a cabeça para baixo, as noites amaldiçoavam-me com pesadelos, os dias amaldiçoavam-me com pensamentos. Nada me alegrava, nada conseguia fazer-me sorrir. Não havia nada em mim. A minha pessoa tinha mudado.
Não houve dor mais forte que esta que eu estou a viver, mas há esperança!

Como tudo começou ?


A vida às vezes é um mistério, existem passagens nela que nem nós nem ninguém consegue explicar e muitas vezes acabamos por sofrer com isso.

Muitas vezes perguntamos porquê que o mal só acontece a nós e não aos outros, porquê que eu, que tento ser a melhor pessoa possível e tento ter uma vida o máximo saudável possível, tenho de levar com todo o mal enquanto que existe outras pessoas que se estragam com drogas e andam para aí a matar ou a roubar e nada lhes acontece. Não estou a dizer que desejo o mal a essas pessoas, mas sou humano e acho que tenho o direito de pensar desta forma. Além de que não devo ser o único.

O dia 21 de Junho de 2010 foi para mim o pior dia da minha vida. Foi o dia em que me tiraram a minha pessoa. A sério, neste momento eu sou uma pessoa totalmente diferente.

Tudo começou mais ou menos em Janeiro de 2010 quando comecei a sentir umas dores estranhas na barriga a qual não valorizei muito. Treinava muito e estava numa fase onde tinha muitas competições e ainda havia a escola, os testes e trabalhos para entregar, pensei que fosse tudo uma questão de stress. Não valorizei. Mas o que é certo, é que à medida que o tempo passava as dores iam ficando mais fortes e agora com outro sintoma, sempre que acabava de comer, tinha de ir defecar.

Continuei a treinar no duro e a competir, não valorizei nenhum dos sintomas, até que em Março, quando fui com os meus colegas de equipa e treinador João Neto a Lisboa para um estágio as coisas agravaram um pouco mais. Continuava com cólicas sempre que comia e sempre com vontade de ir defecar. Fui às urgências, um pouco contrariado por não queria ir ao hospital, e lá o médico disse que poderia ser uma gastroenterite. “Pronto não é nada de grave” pensei eu mas na mesma noite passei-a toda com dores horríveis e a vomitar um liquido amarelado e azedo. Sentia me muito mal, quase não conseguia estar em pé de tantas dores. Fui novamente às urgências e desta vez disseram me que poderia ser uma questão nervosa. Eu de facto andava nervoso pois estava perto que uma competição muito importante, que era a Taça da Europa em Portugal, em que eu tinha o objectivo de alcançar uma medalha.

Acabei por melhorar um pouco, competi na Taça da Europa, mas a prova não correu nada bem, estava lento, muito mole e sonolento. Perdi o primeiro combate e lembro-me que logo a seguir fui me isolar e acabei por adormecer num banco.

Com esta derrota, comecei a entrar em stress pois queria ter os mínimos para o Campeonato da Europa e do Mundo, então disse aos meus treinador João Neto e João Abreu (Jocá) que queria muito ir à Taça da Europa na Estónia para ver se conseguia algo.

Acabei por ir para a Estónia, apesar de continuar a sentir-me mal. Fui com o treinador João Neto e com os meus colegas de equipa: Luís Mendes, Gustavo Andrade, Eduardo Silva e Antoine Massart.

Consegui alcançar o grande objectivo para essa prova, alcancei a medalha de bronze e já tinha mínimos para tudo, mas no final da prova senti-me com febre, dores nos rins (que eu pensava que tinha sido uma pancada nas costelas) e claro grandes dores na barriga. Devido às cinzas vulcânicas do vulcão da Islândia, não houve voos durante uma semana, por isso ficamos retidos na estónia durante uma longa semana. Enviei uma mensagem para a minha mãe a informar que não me sentia muito bem, para marcar com máxima urgência uma consulta para um médico de gastrologia.

Quando cheguei a Portugal e antes da consulta, participei no Campeonato Nacional de Equipas Seniores. Não me sentia nada bem, não conseguia comer e estava muito leve. Acabei por perder todos meus combates e senti-me mal, quase desmaiei no meu primeiro combate.

Finalmente tive a consulta de gastrologia, o médico mandou-me fazer uma serie de exames e ao fim de quase um mês de pesquisa, achou por bem mandar-me internar no Hospital Universitário de Coimbra. Lá fui fazer mais uma série de exames, sendo um deles uma colonoscopia e uma endoscopia para fazer umas biopsias ao estômago e aos intestinos, que não correu nada bem, os médicos injectaram demasiado ar para dentro no meu intestino e não conseguiram remove-lo, quando acordei da anestesia, tive dores de morrer, a sério, parecia que a minha barriga ia explodir. Tive de ser operado de urgência e os médicos aproveitaram para fazer todas as biopsias.

Após quinze dias de internamento e de recuperação da cirurgia finalmente descobriram o meu problema e no dia 21 de Junho disseram-me que eu tinha cancro no estômago com metástase num bocado do intestino. Fiquei chocado e não aceitei muito bem, mas só havia agora uma coisa a fazer, CURAR.