terça-feira, 1 de março de 2011

Carta a LANCE ARMSTRONG- 2ª Parte

Comecei a ler o teu livro quando completei 18 anos, em 14 de Janeiro, estava em véspera de uma competição importante, quem me ofereceu foi um dos dirigentes do meu clube e ele disse-me: “Ofereço-te este livro, para que consigas perceber que as grandes vitórias não são só as do desporto, também são as da vida e o Lance Armstrong é um exemplo disso, ele não foi só um campeão no ciclismo, também foi um campeão na vida. É um exemplo que deves seguir, espero que este livro te inspire.”

E inspirou-me… Confesso que antes de ler o teu livro não fazia a mínima ideia de quem tu eras, sabia que tinhas ganho sete vezes o Tour França e que eras um dos melhores ciclistas do mundo, mas desconhecia que tinhas sofrido de cancro e isso chocou-me um pouco. Fiquei logo emocionado com as primeiras páginas do livro. Li o livro sem parar, nos intervalos da escola, à noite, antes dos treinos, antes das provas.
Ganhei a competição a seguir ao meu aniversário e jurei a mim mesmo que iria fazer tudo para ser um campeão, não só no judo, queria mostrar às pessoas que consigo mais, sempre mais.
Como disse estive a preparar-me para que este ano 2010 me corresse da melhor maneira. E começou bem, ganhei o Open de Lisboa, fiquei em 2º no Campeonato Zonal. Mas o objectivo, era sem dúvida conquistar a minha 3ª vitória no Campeonato Nacional.

Trabalhei tanto e todas as pessoas (pais, treinadores, namorada, amigos) achavam que eu iria ganhar. Treinei a minha técnica, a minha resistência física, a minha velocidade, a minha força. Mas infelizmente não correu como eu esperava. Perdi por um castigo na meia-final a um gajo que eu já tinha ganho. Fiquei em terceiro e foi das piores medalhas que já tive. Eu ganho a todos os que estavam no meu pódio, até mesmo ao campeão nacional que ganhou ao meu adversário da meia-final. Fiquei desolado, queria ganhar para poder enviar-te uma foto com a medalha de ouro ao peito e dedica-la a ti, mas, esta medalha, não vale a pena dedica-la pois não me sabe a nada.

O que foi melhor disto tudo, foi o facto que ter conseguido entrar na Selecção Nacional de Juniores.
Agora estou a preparar-me para a Taça da Europa em Portugal onde estão convocados os três primeiros do Campeonato Nacional. O meu objectivo será obter uma medalha e ficar à frente dos meus adversários para que seja eu a ir ao campeonato da Europa e do Mundo de Juniores.
Confesso que sou um pouco fraco a nível de resistência. Costumo ir nadar e correr, mas lembrei-me que vivo numa zona montanhosa, por isso nada melhor do que comprar uma bicicleta para passear pelas montanhas e desde que li o teu livro, que me interesso muito pelo ciclismo.

Comprei uma Scott Scale 50, coisa simples para quem está a começar a modalidade. Participei numa prova de bicicleta de montanha e fiquei fascinado, desde então que não paro de andar de bicicleta. Divirto-me e é uma excelente forma para me preparar fisicamente para o judo. Quando subi pela primeira vez as montanhas perto da minha casa, senti-me bem, senti-me livre e ninguém acreditava que conseguia subi-las devido à minha falta de prática, mas fui e consegui e disse a todos os que não acreditavam “Nunca me digam que não consigo”. Quando estive no topo da montanha, lembrei-me de ti, lembrei-me do quanto deves ter sofrido para conseguires ganhar o teu primeiro Tour de France após teres vencido o cancro. És sem dúvida único e tens todo o valor do mundo.
Desde que comecei a ler o teu livro que os meus colegas de equipa gozam comigo, dizem que tu és um dopado. Isso irritava-me sempre, eu dizia que não o eras e mesmo que fosses, era preciso muita coragem para fazer o que fizeste depois do que sofreste com o cancro. Eles ficaram intimidados e não gozaram mais.
Como disse não sou um fã fanático , mas confesso que me inspiraste muito estes últimos meses e continuas a inspirar-me, tenho uma visão diferente na minha vida como atleta, estudante e como pessoa. Aprendi a usar o que está contra mim a meu favor e independentemente de tudo, nunca desistir, pois se continuarmos e atingirmos os nossos objectivos a vida corre-nos melhor e somos mais felizes. Um dia gostava de estar frente a frente contigo e dar-te um abraço de solidariedade, de respeito e de amigo. Quem sabe um dia poderei ensinar-te uns golpes de judo e andar ao teu lado de bicicleta.
Para além de ir ao Jogos Olímpicos, também gostava de um dia organizar uma fundação com o objectivo de espalhar a pratica desportiva nas pessoas menos capazes, como deficientes motores, visuais. Gostava que no meu clube pudesse haver uma classe aberta a pessoas deficientes. Talvez , se conseguir ser um atleta de elite consiga ter apoios para organizar esta fundação, mas para isso também tenho de trabalhar para que consiga ser reconhecido.
Bem não tenho neste momento mais nada de especial a escrever. Espero que na próxima carta te possa mandar uma foto minha com a medalha da Taça da Europa em Portugal ao peito. Nunca se sabe, mas está prometido.
Sei que deves receber inúmeras cartas de fãs e que não deves ter tempo para responder a nada. Não estou a pedir que me escrevas uma carta, apenas gostava que me enviasses algo que me possa confirmar que leste a minha carta. Qualquer coisa. Espero não estar a ser chato. Sinto que iria ser importante para mim, para a minha auto-estima e que certamente iria ser mais uma fonte de estímulo e de inspiração. Vou continuar a acompanhar-te e a acompanhar a tua fundação.
Um grande abraço deste teu “novo” amigo =)
Tiago Alves
7 Março 2010

Dear Tiago,
Thank you so much for your e-mail and your interest in Lance Armstrong.
Feel free to send your letter to:
Capital Sports and Entertainment
Attn: Lance Armstrong
Unfortunately, since Lance receives so many similar letters, we will not be able to confirm correspondence from him personally. Again, I sincerely apologize and thank you for your continued support of Lance Armstrong.
LIVESTRONG,
Mary Grace Mooney
( Publicado por Horacio Alves)