Quarta-feira,
7 Julho 2010
São 6,00 horas da manhã, está na hora de ir o mais rápido possível para o
IPO de Lisboa. O Tiago vai ser operado pelo Dr.Nuno Abecassis.
Fomos a voar, chegámos, subimos ao sexto piso, meu querido filho, sedado,
com os olhinhos brilhantes cheios de vontade de vencer, e ao mesmo tempo de
sofrimento, lágrimas, tristeza mas muita, muita esperança. Abraços, beijos,
muita dor. Ajudámos o Tiago a fazer a sua higiene, a vestir a bata azul
debotada, com as iniciais do hospital já esbatidas de tanto uso e, as meias
para a cirurgia. Oito horas, estava na hora de descer para o bloco de
operações. Fomos até ao elevador.
-Mãeee, Paiii…- Gritou.
-Amo-vos muito.
Junto á porta do elevador, mais abraços, mais beijos e todos eles poucos,
muito poucos comparados á vontade que tínhamos.
Saímos os quatro do IPO de Lisboa, eu a mãe, o Rui e a Andreia.
Fomos até á Sé Catedral de Lisboa, rezar, acender velas, tantas quantas a idade do Tiago, dezoito… Suplicar, implorar
pelas melhoras do Tiago, implorar para que Ele se salvasse.
Saímos, fomos a um centro Budista, não havia nenhum conselheiro
espiritual. Não nos deixaram aproximar do suposto altar, ou, mesmo junto das
imagens, insistimos, nada, não nos atenderam, nem tão-pouco se interessaram
pelo nosso motivo.
Saímos para irmos a um centro ÍNDU e, depois á Mesquita. Estávamos a
subir a avenida da Liberdade, toca o telefone, 10,30 horas.
-Estou, Dnª. Margarida, fala Nuno Abecassis.
A cirurgia era para ter demorado cerca de oito horas e, o telefone tinha
tocado bem antes.
-Não conseguimos fazer nada ao Tiago, desculpe, mas não pudemos fazer
nada. – Comunicava o cirurgião.
Voltamos para o IPO pois queríamos ver o Tiago e, falar com o cirurgião.
Os apertos dos nossos peitos ficaram cada vez mais intensos, cada vez
doía mais, uma dor que nos persegue até hoje, uma dor que ainda não consigo
definir.
“Não fez nada! Não fez nada como? Porquê?” – Era o que rodava nas nossas
cabeças olhando uns para os outros em silêncio, sem ninguém dizer uma palavra,
cada um a ponto de explodir de qualquer maneira, mas nem isso estávamos a
conseguir.