Domingo, 20 de Junho 2010
Após uma noite agitada,
com sonhos penosos, insónias, dores, pensamentos do mais terrível que um miúdo
de 18 anos pode ter, não almoçou. Pouco comeu o dia todo, não tinha apetite, só
tristeza, muita tristeza. Ligou a sua guitarra, tocou um pouco cá em baixo, na
sala pois não tinha força suficiente para subir e descer as escadas que davam
para o seu quarto. O animo era pouco, estava contente mas com pouca vontade.
Agarrámos nos os três no sofá da sala, não nos conseguíamos afastar do nosso tão
amado filho, queria-mos pegar-lhe ao colo, protege-lo, ampará-lo, salvá-lo de
todos os males como sempre lhe prometíamos quando era pequenino.
-Não chores Pai, ficas
muito feio quando choras. - Dizia…
O nosso coração não estava
a aguentar, não conseguíamos estar a assistir a tudo o que se estava a passar,
não lhe podíamos dizer o que já sabíamos, dor, uma dor que desfazia tudo por
dentro, as nossas cabeças rebentavam, não nos era possível raciocinar, o
pesadelo já mais iria terminar. Nunca mais acordava, acorda! Acorda que tudo
isto é um mau sonho, é um pesadelo. Não, não era um mau sonho, estava mesmo a
acontecer, o nosso filho Tiago, estava muito, muito doente.
Não, não quero, não pode
ser. Porquê, porquê, não, não, o nosso filho não. Que fez esta criança de mal?
Nada, só o bem. Não, não, não...
-Mãe, Mãeee.- Gritou ao
inicio da noite com vómitos. Corremos para junto dele que já á algum tempo
dormia no quarto mesmo ao lado do nosso.
Em Janeiro, mais ao menos, começou a dormir no
quarto ao nosso lado, o seu quarto era no primeiro piso, onde o Tiago tinha o
seu mundo.
-Vens dormir cá para
baixo? – Perguntávamos.
-Sim, apetece-me ficar
aqui mais próximo de vocês. – Dizia.
A mãe sempre achou
estranho, várias vezes comentou e repetidamente me dizia.
-O Tiago não anda bem,
passa-se qualquer coisa.
Quando chegámos junto do
Tiago, algo que demorou segundos, estava de joelhos na cama com a cabeça para
baixo a vomitar um liquido vermelho.
-Oh não, sangue não mãe,
sangue não, por favor sangue não. – Dizia chorando imenso.
-Meu filho, por favor
acalma-te, por favor, não é sangue, é o iogurte com a polpa de morango que tem
essa cor avermelhada, acalma-te meu amor. – Tentávamos nós acalmá-lo. Era
sangue? Não sei, é possível. Meu querido filho. Acalmámo-lo, estava
transpirado, pálido muito cansado, exausto e, muito, muito assustado e com medo
Dormiu o resto da noite
com a mãe, mal, muito mal, aliás como todas as noites a partir daí.
Levava as noites desde
então a dizer á mãe, baixinho, enquanto dormiam.
-Mãe, amo-te muito, amo-te
muito.
-Também te amo muito meu
querido, agora tenta descansar meu amor.
No dia seguinte iríamos ao
HUC, ter com a Dra. Dulce, para o informar da sua doença.
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