Dia 18 de Junho, sexta-feira
um calor de 35º de temperatura neste verão infinitamente quente, dia da
gravação da música. Pedimos que não estivesse muito tempo de pé e que bebesse
água.
Subiu devagar as escadas
com a sua viola, cá em baixo eu e a mãe, lavados em lágrimas, pois no dia
anterior tinham-nos informado da doença do Tiago e que a cura ou tratamento era
praticamente impossível.
Levámos o tempo de espera a chorar agarrados
um ao outro com um aperto sem fim no coração, com um aperto no peito que ardia,
rasgava, sem forma de sabermos o que nos estava a acontecer.
Aguardámos uma, duas, três
horas. Cada minuto era uma eternidade, três horas um inferno. Por fim desceu as
escadas acompanhado pelo Gil e o resto dos amigos. Muito cansado, chega junto
de nós.
-“Oh, esqueci-me dos meus
óculos de sol”….
-Deixa, o pai vai
buscá-los.
-“Não, eu vou, espera só
mais um pouco por favor.
Voltámos para casa, estava
cansado, muito cansado. Deitou-se no sofá, triste, muito triste, não vertia uma
lágrima mas o seu olhar sem brilho e o seu coração com uma tristeza sem fim, só
olhava para o chão.
-Filho, não olhes para o
chão, assim não meu Amor. - Dizia-mos nós repetidamente. Mas no seu interior, o
sofrimento não o deixava reagir de outra maneira, muita tristeza, muita
infelicidade.
Imagino a dor desses momentos tão dolorosos. Só quem ouviu a "sentença de morte" de um filho sabe o quanto queimam estas recordações. Como se fossem vividas outra vez e outra vez e outra vez ... E a mesma sensação amarga de não sermos capazes de proteger esse filho. .. Outra vez e outra vez. Impossível fechar os olhos e esquecer, não é?
ResponderEliminarUm abraço aos dois.
nem consigo imaginar a dor que esses pais devem ter sentido
ResponderEliminarlastimo a vossa perda. um abraço a esses pais.